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Um ano de Guerra – o que mudou?
RUSxUCR

Como as commodities se comportaram após um ano de guerra? É claro que o conflito militar é só um dos fatores que afetaram e seguirão afetando os preços. Além dele, temos o cenário de aumento das taxas de juros, a possibilidade de recessão das maiores economias do mundo, o fortalecimento do dólar e a reabertura da China como eventos que indiscutivelmente tem impacto nos preços de todas as commodities. Neste espaço, porém, avaliaremos os movimentos dos preços desde o início da guerra no final de fev/22, a começar pelas agrícolas. Rússia e Ucrânia são exportadores chaves de algumas commodities agrícolas/energéticas. Em 2021, um dos dois, quando não ambos, estavam entre os top 3 exportadores de trigo, cevada, milho, colza e girassol, além do mercado de fertilizantes.

Gráfico 1: Produção vs Exportação (Média 2017-2021)

A guerra agravou as tensões existentes nas commodities que iniciou na pandemia. Em 2021, preços de alguns como cereais e óleos vegetais renovaram máximas históricas. Com a guerra, preços subiram ainda mais. Afetou em especial, os mercados mais sensíveis economicamente, em especial os países no Oriente Médio e Norte da África. Perder a produção de grãos ucranianos é caro porque as origens alternativas possuem um custo mais alto. Menos mal que houve um recuo de preços a partir do acordo de corredor de grãos entre Rússia e Ucrânia. Além disso, parte do déficit foi coberto pelo aumento da participação na produção e exportação de outros países como o Brasil no milho e a Austrália no trigo. Durante esse primeiro ano de guerra, no geral, observamos que as principais commodities agrícolas estão com preços abaixo dos vistos no período pré-guerra. E não somente, quando expandimos a análise para outros segmentos, notamos um recuo até mais expressivo do que o visto nas agrícolas. Mas antes de entrar nas outras commodities, vamos analisar a oscilação dos preços de frete na região do mar Negro durante o período de tensão. Como esperado, o início da guerra elevaram os preços a patamares que inviabilizava qualquer negócio na região dado os riscos envolvidos na operação. A consequência foi a ausência dos dois envolvidos na O&D mundial por um período de tempo. Daí a importância do acordo do corredor de grãos em possibilitar o escoamento de produtos e diminuir a pressão sobre o trade-flow mundial. Depois de um início forte de exportação, dado o grande volume represado, os embarques de grãos pelo corredor a partir do início da guerra somam mais de 19mmt. Brokers de frete avaliam os preços do corredor desencorajador, com as taxas em queda e o prêmio diminuindo, sem contar a demora com inspeções para garantir que nenhum armamento bélico esteja sendo contrabandeado. Ainda assim, existem navios dispostos a trafegar pela região mesmo com tarifas em queda e se aproximando dos níveis pré-guerra. Olhando para outras commodities, é nítido a diluição do prêmio de guerra durante o tempo. O índice Dow Jones que mede a oscilação anual das commodities agrupando-as mostra uma queda mais aguda no setor de metais e de energia. Individualmente o alumínio e o gás natural foram os que mais caíram no período. E por qual motivo? Sendo que a Rússia, antes da guerra, era o principal fornecedor de gás natural para a Europa. A resposta está no clima. Tanto EUA quanto Europa tiveram invernos excepcionalmente quentes. O gás natural é utilizado principalmente para aquecimento e como fonte de energia elétrica. Além do cenário climático, com a guerra, os países da União Europeia acordaram em reduzir a demanda por gás em 15% entre ago/22, quando o preço do gás natural na Europa alcançou seu maior valor por megawatt hora de todos os tempos, até mar/23, ao mesmo tempo em que buscavam alternativas de fornecedores que veio da Noruega, EUA e Qatar. Hoje, com estoques confortáveis (acima da média para o período) e sem a dependência da Rússia, a expectativa é de que não haja uma crise energética para o próximo inverno independente da continuidade da guerra.

Gráfico 2: Rendimento Energéticas – Metais (1 ano)

Em suma, os altos preços das commodities vistos em 2022 provavelmente serão acompanhados por um declínio e um longo período de estagnação baseado nas correlações históricas que este ano tem a companhia de uma variável nova: o FED, que continua com o aperto monetário para conter a inflação e pressionar os preços que já estão em trajetória de queda, mesmo considerando uma retomada da economia chinesa. O ‘prêmio’ da guerra do mar Negro fez das agrícolas o melhor rendimento dos últimos 12 meses frente as demais commodities, mas em se tratando de agrícolas, principalmente grãos, é questão de tempo que os preços altos fomentem o plantio (como acontece hoje no Brasil e vai acontecer nos EUA). O que sustentaria preços seria problemas climáticos (como acontece hoje na Argentina). É claro que ainda existe um ‘prêmio’ sobre um choque de oferta na Ucrânia, mas conforme mostrado ele vem se diluindo e de certa forma compensado pela produção de outras origens. Caso a safra americana ocorra bem nesses próximos meses, não seria de admirar CBOT com níveis de preços pré-pandemia.

ESTE ARTIGO FAZ PARTE DO RELATÓRIO MENSAL EDIÇÃO FEVEREIRO 2023 ELABORADO PELA BNB COMMODITIES ENVIADO COM EXCLUSIVIDADE PARA ASSINANTES DE SEU NEWSLETTER.
 
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